Wednesday, 13 January 2010

Na Arábia Saudita

- Preciso ir, estou atrasado.
- Você me telefona?
- Não tem telefone. Na semana que vem, por Alá - ele parou na porta. - Eu detesto quando me pego falando assim, mas todos falam. Se Deus quiser isso, se Deus quiser aquilo. Isso parece tão frustrante. Eu a amo, Fran.
- É - ela levantou os olhos para encontrar os dele. O que tem Deus a ver com a companhia telefônica?, pensou.

- Existem regras diferentes para nós - disse Parsons, quase sem tirar o cachimbo da boca. - Nunca se esqueça, Andrew, de que, como indivíduos, não somos nem um pouco importantes no esquema das coisas sauditas. Estamos aqui apenas por tolerância. Eles realmente precisam dos peritos ocidentais, mas é claro que eles são um povo muito rico e orgulhoso e é a contragosto que admitem precisar de alguém.
Isso tinha o aspecto de um discurso que havia sido dito antes.
Andrew perguntou:
- Você quer dizer que eles são ricos e orgulhosos, ou que eles só são orgulhosos porque são ricos?
Parsons nâo respondeu.

Expatriados têm mesmo esse hábito de rir de tudo. Acho que é o modo mais seguro de mostrar discordância.

Hilary Mantel. Oito Meses na Rua Gaza

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